Os preconceitos ligados ao autoconhecimento


Há muitos anos eu dei aula de técnicas de autoconhecimento num centro cultural. Paralelamente, eu ajudava uma diretora do Centro com o site daquele Espaço, pois tenho muito conhecimento nessa área. Pois bem, um dia essa diretora comentou com uma amiga da ajuda que eu estava prestando com o site. A reação da amiga foi bem aquela ideia errada que ainda encontramos nos dias atuais. Essa moça disse: "Mas não é possível ele ensinar meditação e ter conhecimento de Informática! Uma coisa é incompatível com a outra!"

Outro episódio. Um dia comentei com uma aluna que eu adoro passear em shoppings, que acho um ambiente muito interessante (isso, claro, foi antes da pandemia). Ela ficou espantada e confessou que jamais imaginaria que um professor de técnicas de autoconhecimento pudesse gostar de shoppings.

Há tantos casos que eu poderia mencionar, e que revelam esse mesmo preconceito em relação aos que praticam e ensinam técnicas de autoconhecimento: na cabeça de algumas pessoas, só monges de cabeça raspada e vestindo roupas de monge podem praticar autoconhecimento. Os que não se enquadram nisso não se adequam ao paradigma que alguns têm na cabeça. Em resumo, autoconhecimento, para essas pessoas, exige voto de pobreza e sandálias desgastadas.

Não, você não precisa ser monge ou monja para praticar técnicas de autoconhecimento. Ainda mais se estivermos falando de técnicas com base teórica Sámkhya, uma linha sem misticismo nem influências religiosas. Um sistema que tenha o Sámkhya como alicerce é um sistema que ensina técnicas, sejam elas técnicas respiratórias, de concentração, de relax consciente ou outras. Não há proselitismo de tipo algum, pois o Sámkhya abomina proselitismo.

Então, esqueça aqueles estereótipos de filmes de Hollywood. As pessoas que cultivam o autoconhecimento são executivos e executivas, profissionais liberais, pessoas dinâmicas e de bem com a vida. Não fazem voto de pobreza nem rasgam dinheiro, pois dinheiro é útil e necessário. Não são pessoas alienadas, pois autoconhecimento nos deixa mais centrados, produtivos e conectados com o mundo e com as pessoas.

Pode acontecer, no Ocidente, de pessoas se tornarem um tanto alienadas ou terem comportamentos exóticos supostamente porque estão praticando técnicas de autoconhecimento. Mas saiba, leitor, que isso não acontece no Oriente, é um cacoete puramente ocidental, que deveríamos corrigir.

Pessoas que praticam técnicas de autoconhecimento são pessoas iguais às outras, com qualidades, defeitos, sonhos. Se o método que a pessoa usa é sério, ela será uma pessoa produtiva e dinâmica. Então, abandone os estereótipos que você viu em filmes de Hollywood!

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